segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vão-se os anéis, ficam os dedos!




Esta é uma velha máxima que todos já ouvimos da boca de um avô, avó, tio ou tia, pai ou mãe, ou de qualquer outra pessoa inteligente o suficiente para saber que é realmente assim.

Hoje estou triste, preocupada com o rumo do país, das finanças, do emprego, das nossas vidas pessoais e das vidas das pessoas que nos rodeiam. Não me vou alongar, não quero, nem posso, mas preciso de repetir para mim mesma que enquanto houver saúde e vontade de lutar... podem ir os anéis todos, que os dedos, esses, hão-de ficar...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Under pressure!

Hum... Já não me dedico à escrita há uns dias... vamos ver o que sai hoje.

Ontem assisti na televisão a um documentário sobre Anorexia. Quatro (parece que o número é mesmo mágico!) depoimentos de quatro vítimas diferentes, com idades diferentes, de meios sociais diferentes e com situações familiares diferentes. Parece que tudo distinguia estas quatro jovens... tudo, menos a doença.

Saltaram-me à ideia uma série de coisas. Tenho até alguma dificuldade em ordenar as ideias e por tudo por escrito.

Antes de mais, devo dizer-vos que todos os casos me chocaram. Cada um de maneira diferente, porque distintas eram também as suas histórias.

De todas elas, alguns denominadores comuns:

- a doença não é, como era encarada pelas "pessoas de fora", "uma mania que lhe deu agora"...
- o limite entre o aceitável e a decadência é ténue... muito ténue até!
- tudo começa de forma "inocente" e não deliberada
- a anorexia não afecta o/a paciente sem que afecte igualmente a respectiva família
- todas sentiam, de uma forma ou de outra, uma enorme PRESSÃO

Mas que pressão é essa que pode levar raparigas e mulheres saudáveis a transformarem-se em seres vivos com uma saúde física altamente débil e uma saúde mental ainda mais frágil!? Nenhuma daquelas raparigas gostava de si própria. Quase todas confessaram sofrer com os comentários alheios sobre a sua "rechonchudice". "Ai está tão cheínha a menina... a sua filha é fortinha..." Foi sempre aqui que tudo começou. Na insatisfação de serem... "assim"! Deixaram de comer até à "exaustão", porque, pelo que percebi, é esgotante ter fome e negar alimento ao corpo, sentir culpa de engolir uma colher de arroz, adormecer e acordar com o mesmo pensamento, fazer do peso e da comida um alvo a abater. Perderam dezenas de quilos até chegarem aos seres dignos de pena em que se transformaram: adolescentes/mulheres com corpo de criança, peso entre os 26 e os 36 quilos!!! Deprimidas, revoltadas, apostadas em continuar a desaparecer... ao ponto de serem "escondidas" atrás de biombos no hospital para que não ficassem expostas a outros olhares. As pessoas não costumam gostar de encarar com a morte...

Foi chocante. Mais ainda pensar que ninguém deu conta. Falo por mim, que felizmente faço as minhas refeições acompanhada. Sempre fiz. Assusta-me pensar que esta situação seria possível num grande número de famílias, actualmente. As pessoas não se vêem! Não convivem, não jantam juntas... e isso torna tudo tão mais "fácil"...

Cada uma delas tinha o seu método de esconder o problema da família. De esconder um problema que não existia, afinal eram só "menos uns quilos", um ciclo vicioso em que cairam sem perceber. Até ser tarde demais. Nenhuma delas morreu, duas até se consideram "curadas", as outras no caminho da recuperação... mas há ali, infelizmente, danos bem visíveis que jamais serão reparados.

Identifiquei-me imediatamente com um dos casos, o da Ana, 32 anos. Estamos habituados a ouvir casos de anorexia em adolescentes, não associamos normalmente a uma jovem na casa dos 30. Talvez por isso me tenha chamado mais a atenção, talvez por eu própria ter 30 anos e também sentir a PRESSÃO... A Ana sofre de anorexia há 3 anos, desde um final de férias em que se achou fora do estereótipo da top model, com os seus 63 quilos. Resolveu iniciar uma dieta. Aos poucos deixou de comer e os resultados tornavam-se cada vez mais visíveis. Orgulhosa da sua conquista, continuava a não comer. Teve um marido atento e preocupado, e tem-no ainda felizmente, também ele deu a cara. Alguém que a "obrigou" a consultar ajuda profissional. Alguém que foi obrigado a "adaptar-se" a esta nova mulher. Alguém por quem nutro a maior admiração. Tinham um sonho. Encher com os filhos a casa em que vivem, uma moradia lindíssima, espaçosa e com um simpático jardim. A Ana não pode ter filhos... Além do peso, perdeu ainda a capacidade de menstruar. O seu sistema hormonal não lhe permite engravidar... o sistema reprodutor "adormeceu". É chocante. Está ainda em tratamento, mas dá ideia de ser uma espécie de farrapo humano em comparação com a Ana dos 63 quilinhos...

Não gosto muito de frases feitas do tipo "vivemos numa sociedade assim e assado..." No entanto, sou obrigada a admitir que a Anorexia é muito mais que uma doença física do ser humano. É, no essencial, uma doença da sociedade podre em que vivemos.

Eu relaciono-me relativamente bem com o meu corpo. Sou a sua maior crítica. Odeio que a roupa deixe de me servir. Irrito-me quando a balança passa do limite que estabeleci. Mas de uma forma saudável, penso eu. Já fui bem mais "rechonchudinha"... Quando não me sinto bem, faço um esforço por evitar as gulodices, faço umas caminhadas e... mal me sinto bem novamente dentro das minhas calças preferidas... como um pastel de feijão... :)

Não quero dar lições de moral, nem acredito tão pouco que a minha forma de lidar com o meu corpo é a mais correcta. Isso não existe. Mas faço um apelo:

Pais: façam as refeições com as vossas filhas, vigiem, sejam... pais.
Maridos/namorados e afins: valorizem as vossas mulheres e protejam-nas, enfim, sejam... maridos/namorados e afins...
Sociedade em particular: vamos dar luta aos estereótipos... amanhã o problema pode acontecer na vossa casa...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sobre a cumplicidade


Cá continuo eu, ainda incógnita... Ainda não divulguei o Blog, a não ser ao meu marido... E esse, bem, esse já está habituado aos meus desabafos e devaneios...

E por falar em marido, apetece-me hoje fazer algumas considerações sobre a cumplicidade. Diz o dicionário da língua portuguesa, e bem, que cúmplice é todo aquele que... "tomou parte num delito ou crime" ou ainda que é "participante em acção condenável"; é ainda significado de "cooperante" e "conivente"... Quem sou eu para discutir com os cérebros que elaboram estes calhamaços...? Mas que é redutora esta definição, lá isso é!

Senão, vejamos...
O meu marido é o meu maior cúmplice, simplesmente porque existe entre nós algo a que não conseguimos dar outro nome: CUMPLICIDADE! E é ela a mãe de todo o resto: das conversas sem fim, dos cozinhados A 4 MÃOS, dos silêncios em que só nós conseguimos ouvir, das decisões que tomamos, das noites longas e extenuantes, enfim... de tantos pormenores de maior ou menor importância na nossa vida quotidiana.

Ser cúmplice é amar! É ter conversas em silêncio. É não ter vergonha. É entregar-se e dar tudo de si. TUDO, o bom, o menos bom e o assim-assim! É ler o pensamento do outro. É sentir que somos autênticos um com o outro.

É dizer o que nos dá na gana e juntar o gesto à palavra sem medos... e passar uma noite em claro, a rir, a chorar, a amar, a fantasiar, a mimar e tantas outras coisas terminadas em -ar... -er... -ir... e adormecer de manhã com o corpo torpe... de prazer, de cansaço...

Sim, somos cúmplices! Arriscar-me-ia a dizer que somos "cooperantes" e "coniventes"... mas nenhum dos nossos actos é um delito ou crime, ou mesmo uma acção condenável... digo eu, que sou suspeita.

A não ser que seja condenável ficar louco(a)... por opção! E ser feliz!

Ao meu cúmplice para toda a vida...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mensagem de boas vindas

Sejam bem vindos, sejam quem forem, venham por bem, contribuam...

Bem vindos onde? Não sei... Não tenho uma expectativa em relação a esta página.

Acho que não devíamos criar altas expectativas em relação a nada; assim, tudo o que nos acontecesse de bom seria um ganho, tal e qual encontrar uma nota num casaco que já não vestimos desde o ano passado. É certo que ainda nos fica a dúvida do ganho a tirar do que nos acontece de ruim... Tipo descobrir que a nota já não pode circular porque o casaco veio da lavandaria e o papel está a desfazer-se... Bem, o que nos acontece de negativo permite-nos, pelo menos, esclarecer o que entendemos por positivo. Como saber se o morango é doce, se nunca provámos limão?

Isto é giro :)
Quando comecei a escrever não tinha tema e de repente... expectativa: a mãe de todas as desilusões. Não sou radical, não digo que devemos deixar de esperar o que quer que seja. Mas acredito na prudência de não esperar demasiado... Não somos todos iguais, não pensamos da mesma maneira, não é lícito esperar que os outros ajam à luz dos nossos desejos secretos. Por mais óbvios que nos pareçam. Quantas vezes somos nós que não correspondemos?

Imaginem uma viagem a um destino de sonho. Tudo programado ao milésimo do milímetro. Tão programado que não há risco de correr mal.... bahhh! Vai correr, de certeza! Quanto mais não seja, vamos andar com um olho no relógio e outro nas vistas... já metade está perdido.

Parece-me infinitamente lógico. Contudo, em abono da honestidade, sou obrigada a admitir que nem sempre consigo que a minha vida se reja pelas minhas teorias mais práticas... Sou assim. Tenho crenças, defendo valores, pauto-me por princípios e... falho! Faz parte. Mas pelo menos penso e se "penso, logo existo".

Porquê "A 4 mãos tudo melhor"? Porque tenho a experiência recente de que fazer a 2 x 2 é do melhor que existe. E quanto mais não seja... 4 é mais que 2!

Para primeira entrada, fico-me por aqui. Ainda não sei se alguém vai ler isto. Confesso que ainda não investiguei bem como funciona esta coisa, mas fico-me por aqui... Até breve?